domingo, 31 de dezembro de 2017

Josephine, Begidro, Toliara, Madagáscar


Je n'ai pas passé un jour sans t'aimer ; je n'ai pas passé une nuit sans te serrer dans mes bras ; je n'ai pas pris une tasse de thé sans maudire la gloire et l'ambition qui me tiennent éloigné de l'âme de ma vie. Au milieu des affaires, à la tête des troupes, en parcourant les camps, mon adorable Joséphine est seule dans mon coeur, occupe mon esprit, absorbe ma pensée. Si je m'éloigne de toi avec la vitesse du torrent du Rhône, c'est pour te revoir plus vite. Si, au milieu de la nuit, je me lève pour travailler, c'est que cela peut avancer de quelques jours l'arrivée de ma douce amie (...)
Mon âme est triste ; mon coeur est esclave, et mon imagination m'effraie... Tu m'aimes moins ; tu seras consolée. Un jour, tu ne m'aimeras plus ; dis-le-moi ; je saurai au moins mériter le malheur... Adieu, femme, tourment, bonheur, espérance et âme de ma vie, que j'aime, que je crains, qui m'inspire des sentiments tendres qui m'appellent à la Nature, et des mouvements impétueux aussi volcaniques que le tonnerre. Je ne te demande ni amour éternel, ni fidélité, mais seulement... vérité, franchise sans bornes. Le jour où tu dirais «je t'aime moins» sera le dernier de ma vie. Si mon coeur était assez vil pour aimer sans retour, je le hacherais avec les dents.
Joséphine, Joséphine ! Souviens-toi de ce que je t'ai dit quelquefois : la Nature m'a fait l'âme forte et décidée. Elle t'a bâtie de dentelle et de gaze. As-tu cessé de m'aimer ? Pardon, âme de ma vie, mon âme est tendue sur de vastes combinaisons. Mon coeur, entièrement occupé par toi, a des craintes qui me rendent malheureux... Je suis ennuyé de ne pas t'appeler par ton nom. J'attends que tu me l'écrives. Adieu ! Ah ! si tu m'aimes moins, tu ne m'auras jamais aimé. Je serais alors bien à plaindre.
(...)

Lettre de Napoléon à Joséphine
BONAPARTE, Napoléon (1769-1821)

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Marrocos, avô e netas



O nada é o que resta de uma dor que se torna insignificante.

Afonso Cruz in "Nem Todas as Baleias Voam"

domingo, 10 de dezembro de 2017

Turmi, Vale do Omo, Etiópia


Família

Três meninos e duas meninas, 
sendo uma ainda de colo. 
A cozinheira preta, a copeira mulata, 
o papagaio, o gato, o cachorro, 
as galinhas gordas no palmo de horta 
e a mulher que trata de tudo. 

A espreguiçadeira, a cama, a gangorra, 
o cigarro, o trabalho, a reza, 
a goiabada na sobremesa de domingo, 
o palito nos dentes contentes, 
o gramofone rouco toda a noite 
e a mulher que trata de tudo. 

O agiota, o leiteiro, o turco, 
o médico uma vez por mês, 
o bilhete todas as semanas 
branco! mas a esperança sempre verde. 
A mulher que trata de tudo 
e a felicidade. 

Carlos Drummond de Andrade, in 'Alguma Poesia'

sábado, 9 de dezembro de 2017

o artista (Ahmad Nadalian), ilha de Hormuz, Irão


Nadalian é um escultor iraniano cujo trabalho reflete o respeito pelas criaturas vivas e pelo ambiente natural. Para conseguir isso, além de viver com a própria natureza, ele estabeleceu terrenos de escultura num ambiente pacífico e natural. A água é um elemento vivo que contribui para suas esculturas, e muitos dos símbolos que grava e esculpe são derivados da mitologia antiga e dos rituais das civilizações pré-islâmicas.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Varanasi, antiga Benares


"Falar do sentido da morte na Índia e não falar de Benares seria, no mínimo, singular. Da cidade sagrada têm sido feitas inúmeras descrições, e muitas vezes horríficas."

in "Uma Ideia da Índia", Alberto Moravia


Stockholm, Suécia


De sonhar ninguém se cansa, porque sonhar é esquecer, e esquecer não pesa e é um sono sem sonhos em que estamos despertos.

Fernando Pessoa in "O Livro do Desassossego"

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

como num espelho... Índia


Somos olhados com a mesma curiosidade com que olhamos... Somos tão estranhos a eles como eles a nós... Isso torna-nos iguais... Ao olhar os seus olhos vemos o nosso olhar... Como num espelho.

Luís Veloso

saudação à alvorada, Índia


SAUDAÇÃO À ALVORADA

Cuida deste dia!
Ele é a vida, a própria essência da vida,
Em seu breve curso
Estão todas as verdades e realidades da tua existência:

A bênção do crescimento
A glória da acção,
O esplendor da realização.

Pois o dia de ontem não é senão um sonho
E o amanhã somente uma visão.
Mas o dia de hoje bem vivido transforma os dias de ontem num sonho de ventura.
E os dias de amanhã numa visão de esperança.
Cuida bem, pois, do dia de HOJE!
Eis a saudação à alvorada.

Calidasa

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

a rapariga de Mumbai, Índia


A mulher mais idiota pode dominar um sábio. Mas é preciso uma mulher extremamente sábia para dominar um idiota.
Rudyard Kipling (30 /12/ 1865, Bombaim, Índia - 18 /01/ de 1936, Londres, Reino Unido)

Viagem Medieval de Santa Maria da Feira



“Llevamos el circo en la sangre.” 

Carlos Ruiz Zafón in "A Sombra do Vento"

sábado, 2 de dezembro de 2017

L'allée des baobabs, Morondava, Madagáscar



VERBO SER

Que vai ser quando crescer? 
Vivem perguntando em redor. Que é ser? 
É ter um corpo, um jeito, um nome? 
Tenho os três. E sou? 
Tenho de mudar quando crescer? Usar outro nome, corpo e jeito? 
Ou a gente só principia a ser quando cresce? 
É terrível, ser? Dói? É bom? É triste? 
Ser; pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas? 
Repito: Ser, Ser, Ser. Er. R. 
Que vou ser quando crescer? 
Sou obrigado a? Posso escolher? 
Não dá para entender. Não vou ser. 
Vou crescer assim mesmo. 
Sem ser Esquecer.

Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

o elefantinho, Laos


O ELEFANTINHO



Onde vais, elefantinho
Correndo pelo caminho
Assim tão desconsolado?
Andas perdido, bichinho
Espetaste o pé no espinho
Que sentes, pobre coitado?

— Estou com um medo danado
Encontrei um passarinho!

Vinicius de Moraes
Rio de Janeiro , 1970